Desconforto, coceiras, coriza, espirros, tosse, alergia! Uma das doenças que afeta cerca de um terço das pessoas em todo o mundo, onde 97,6% apresentam sintomas de asma. No Brasil, são 15 milhões que sofrem de asma e 20% de rinite alérgica, de acordo com a Sociedade Brasileira de Alergia e Imunologia (Asbai). Geneticamente, toda criança tem 20% de chance de se tornar alérgica, mas se um dos pais tiver o problema, a taxa sobe para 40%, e, se ambos forem, o risco é de até 80%.

Das alergias mais comumente encontradas, a rinite e a asma se destacam. Esta última, também conhecida como bronquite alérgica, é uma reação inflamatória no brônquio causando obstrução pelo edema (inchaço) do mesmo, sendo a rinite o mesmo processo, só que na mucosa nasal, explica a pneumologista da Clínica Sonnar Dra. Vanessa Chalouhi. Dados do SUS, por exemplo, informam que são 400 mil internações hospitalares e 2.500 óbitos, fora os atendimentos em caráter de urgência ligados a estes problemas.

Com a aproximação do inverno, a população fica mais suscetível a desenvolver processos alérgicos. Dra. Vanessa esclarece que as pessoas ficam mais propensas a crises alérgicas nesse período porque o frio é um grande estímulo, bem como a mudança climática brusca, como os dias quentes seguidos de noites e manhãs frias. “Somado a isso, as pessoas tendem a ventilar menos os ambientes e os ácaros e poeiras ganham maior proporção. Também a grande maioria desses pacientes não se trata de forma correta, ou seja, não fazem um acompanhamento regular de sua doença”, explica.

Ela recomenda que as pessoas que já possuem alergias se mantenham sempre tratadas para que, quando expostos a qualquer estímulo, como fumaças e clima frio no caso do período das festas juninas, comportem-se como alguém não alérgico, pois esse é o objetivo maior do tratamento. Caso as crises aconteçam, o tratamento deve ser instituído em Pronto-Socorro de forma rápida.

Práticas diárias

Ácaros, poeira e fumaça, inimigos que devem ser evitados pelos alérgicos. Por isso, desenvolver uma rotina de cuidados especiais é primordial. No dia-a-dia, deve-se manter os ambientes sempre arejados, ventilados, ensolarados, limpos, umidificados, livre de sujeiras e ácaros, para diminuir a frequência dos eventos alérgicos. O uso de antialérgicos deve ser controlado, recomenda Dra. Vanessa. “Depende da alergia e da intensidade dela. Hoje utilizamos muito a classe de corticóides para tratamento tópico (ou seja, no órgão acometido).Tudo isso é individualizado e deve ser feito sempre sob orientação médica”.

Paradoxalmente, o fato das pessoas viverem mais protegidas acarreta na não-estimulação de suas defesas e o sistema imunológico acaba se voltando contra substâncias inertes como poeira, defende Mário Geller, porta-voz no Brasil do Colégio Americano de Alergia, Asma e Imunologia. Ele também faz o alerta para o aumento do uso abusivo de antibióticos.