Morte Súbita Infantil
55% dos bebês ainda dormem em situações que favorecem óbito repentino, sem causa aparente.
Morte Súbita Infantil
55% dos bebês ainda dormem em situações que favorecem óbito repentino, sem causa aparente
Sabe aquele hábito comum entre pais e mães, principalmente os de primeira viagem, de checar a cada cinco minutos se o filho está vivo e respirando? Bem, a atitude é compreensível e pode estar muito associada à Síndrome da Morte Súbita Infantil, que é quando a criança morre durante o sono, sem nenhuma razão aparente. Apesar de os reais motivos ainda serem uma incógnita para a medicina, ao longo de anos, médicos, especialistas e pesquisadores reuniram indícios de situações que potencializam esse tipo de acontecimento. Colocar o bebê para dormir com cobertores macios, travesseiros e protetores de berço são alguns deles.
No entanto, por mais que os pediatras peçam para evitar, muitos pais continuam enchendo o berço de acessórios como estes. Nos Estados Unidos, uma pesquisa recente, publicada pelo jornal Pediatrics, divulgou que 55% dos bebês ainda dormem dessa maneira. O número é alarmante e assusta ainda mais se levarmos em consideração que se trata de um país desenvolvido.
Embora no Brasil não existam estatísticas oficiais sobre o número de crianças que têm morte súbita, ainda é muito comum ver quartos decorados com berços cercados por protetores, ursinhos de pelúcia, cobertores, edredons... Isso quando a recomendação dos médicos é colocar apenas o recém-nascido no berço, em um colchão adequado. Mas por que os os pais ainda cultivam esses hábitos? "Muitas vezes, isso acontece por falta de orientação mesmo. Como a maioria dos casos acontece com bebês que têm entre 2 e 5 meses de idade, eles podem ter ido a poucas consultas com pediatra", diz pediatra Felipe Monti Lora, pediatra e chefe do Pronto-Socorro do Hospital Infantil Sabará, de São Paulo.
Para Lora, outro grande fator de risco quando o assunto é morte súbita infantil é colocar o bebê para dormir de bruços. "Alguns pais fazem isso quando a criança tem refluxo porque a posição diminui os sintomas. No entanto, isso aumenta as chances de compressão das vias aéreas, ainda imaturas, possibilitando a diminuição ou até a parada da atividade respiratória", alerta.
A morte súbita e o inverno
Segundo o pediatra, as ocorrências de morte súbita costumam ocorrer com mais frequência no inverno. "E o mais curioso é que, embora as mães se preocupem bastante com o frio, ele não está diretamente relacionado aos casos. Na verdade, o excesso de agasalhos e cobertores é que expõe as crianças a um risco maior. Isso porque, além do aumento excessivo na temperatura corporal -- quando o sistema ainda não está maduro o suficiente para se regular rapidamente --, estes objetos facilitam a asfixia", diz o pediatra. Como os bebês mais novos ainda não têm autonomia sobre os movimentos, se as peças, por algum motivo, cobrem o nariz ou a boca, eles não conseguem se livrar sozinhos.
Outro ponto em comum entre a morte súbita e o inverno, segundo Lora, é que, para evitar levantar no meio da noite, no frio, as mães passam a dormir junto dos filhos na mesma cama, o que também aumentaria o risco de asfixia.
A posição ideal
Dormir em decúbito dorsal - com a barriga voltada para cima - é a posição mais indicada para os bebês de até um ano, recomendada pela Academia Americana de Pediatria (AAP) e pelo Ministério da Saúde brasileiro - que desde 2007 passou a publicar a orientação na caderneta da criança. Além de permitir que o bebê respire melhor, a posição diminui o risco de engasgo, já que permite girar a cabeça para o lado em caso de vômito.
Mesmo sendo a forma mais segura de colocar o bebê para descansar, essa é outra regra que pais e mães norte-americanos não tem seguido. Um estudo com 400 mil crianças, nascidas em 36 estados dos EUA, e apresentado no início de maio na reunião anual da Sociedade Acadêmica de Pediatria (Pediatric Academic Societies) apontou que apenas dois terços dos bebês norte americanos dormem assim. Em 2010, mais de 2 mil bebês morreram de morte súbita nos EUA.
Mas será que fazer o recém-nascido dormir apenas de barriga para cima, apesar de seguro e indicado por especialistas, pode deformar a cabeça? A pediatra neonatologista do Hospital e Maternidade Santa Joana (SP), Clery Gallacci, explica que o crânio dos bebês mais novos possui vários ossos abertos, pois o crescimento cerebral acontece durante todo o primeiro ano de vida. Portanto, se ele fica deitado sempre do mesmo lado, a pressão pode causar a plagiocefalia – quando o cérebro sofre uma moldagem diferente da normal. “Recomenda-se, então, que durante o dia a mãe mude a posição para evitar danos ao crescimento cerebral”, aconselha a pediatra.
9 hábitos para prevenir a morte súbita
Embora as explicações sobre os motivos que levam a essa fatalidade, que é certamente um dos maiores temores dos pais, ainda não sejam claras ou definitivas, o melhor mesmo é fazer o que estiver ao alcance para evitar. Confira, abaixo, algumas dicas para diminuir o risco na sua casa:
1. Coloque o bebê para dormir sempre em decúbito dorsal, ou seja, de barriga para cima;
2. Escolha um colchão firme, nem mole, nem duro demais;
3. Evite colocar bichos pelúcia, travesseiros, cobertores e protetores no berço;
4. Faça o pré-natal correto, já que o acompanhamento ainda na gravidez está relacionada a um menor risco de morte súbita;
5. Diga não ao tabagismo e evite contato com cigarro durante a gravidez e após o nascimento do bebê. Ainda que a gestante não fume, quanto mais longe da fumaça ou de pessoas que tenham esse hábito, melhor;
6. Não beba nem use medicação por conta própria durante a gravidez;
7. Amamente. Ao sugar, a criança desenvolve melhor o sistema respiratório, já que é obrigada a respirar pelo nariz;
8. Não exagere no cobertor. Uma "camada" de roupa a mais do que a sua é suficiente, de acordo com a AAP. Evite cobrir a cabeça e as mãos do bebê, pois as extremidades são o canal utilizado pelo corpo para regular a temperatura;
9. Espalhe as informações e faça com que todos as pessoas que participam dos cuidados com o bebê saibam das recomendações. Babás, avós, tias, cuidadoras do berçário...
Fonte: Revista Crescer
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