Aspirina e melanoma
Pesquisa feita com mais de 60.000 mulheres descobriu que o uso regular da aspirina pode diminuir em até 30% as chances desse tipo de câncer de pele
O uso regular de aspirina — algumas vezes por semana — pode diminuir em até 30% o risco de mulheres desenvolverem o tipo mais agressivo de câncer de pele, o melanoma, que é considerado grave por geralmente resultar em metástase. E, além disso, quanto mais tempo a mulher toma aspirina, menor é a sua chance de ter a doença. Essas são as conclusões de um novo estudo da Faculdade de Medicina da Universidade Stanford, nos Estados Unidos, o maior já feito sobre formas de prevenção do melanoma, segundo os seus autores. Esses resultados foram publicados nesta segunda-feira no periódico Cancer, da Sociedade Americana de Câncer.
O trabalho, coordenado por Jean Tang, professora assistente de dermatologia em Stanford, foi feito com base nos dados de quase 60.000 mulheres de 50 a 79 anos que haviam participado da Iniciativa de Saúde da Mulher, um estudo demográfico realizado com mulheres na pós-menopausa. Na pesquisa, as participantes forneceram, durante 12 anos em média, informações como alimentação, atividade física, histórico de exposição ao sol e de uso de medicamentos. Os pesquisadores acompanharam as voluntárias ao longo de todo esse período, realizando consultas clínicas para se certificarem de que elas realmente estavam usando aspirina e para realizarem exames capazes de diagnosticar melanoma. Todas as mulheres que fizeram parte do estudo eram caucasianas. Segundo Tang, o objetivo de sua equipe era analisar pacientes com maiores chances de melanoma – e menos pigmento na pele é um fator de risco para a doença. Efeito protetor — De acordo com o estudo, de maneira geral, mulheres que tomavam aspirina regularmente apresentaram um risco 21% menor de desenvolver melanoma do que aquelas que nunca faziam uso da droga. Esse efeito protetor aumentou conforme o tempo de uso do medicamento: em comparação com mulheres que não tomavam aspirina, aquelas que o fizeram durante um ano tiveram um risco 11% menor de ter melanoma; as que fizeram uso da droga entre um e quatro anos apresentaram um risco 22% menor; e as que tomaram aspirina por mais de cinco anos apresentaram um risco 30% menor.Segundo Jean Tang, a aspirina pode prevenir o melanoma por meio de seus efeitos anti-inflamatórios. "A aspirina reduz a inflamação, e a inflamação é um dos fatores que levam ao desenvolvimento do melanoma", diz. A pesquisadora acredita que essas conclusões mostram que a aspirina pode também ter um papel importante na prevenção de outros tipos de câncer. "Há um grande entusiasmo em relação a esses achados, pois a aspirina já foi relacionada a efeitos positivos na saúde cardiovascular e no câncer colorretal em mulheres. Essa é mais uma peça no quebra-cabeça da prevenção", afirma Tang.
No entanto, embora os resultados sejam positivos, os autores afirmam que ainda não é possível receitar aspirina para prevenir o melanoma, já que eles ainda não chegaram à conclusão sobre qual é a quantidade adequada de aspirina que deve ser tomada, e durante quanto tempo, para que seu efeito protetor seja mais eficaz. "Há também desvantagens para o uso de aspirina, como efeitos adversos que podem incluir dores no estômago, úlcera e hemorragia", diz Tang.
MELANOMA
O tipo mais agressivo de câncer de pele é o melanoma, que tem origem nas células produtoras de pigmento, os melanócitos. Se for detectado no início, a possibilidade de cura é grande. Em países desenvolvidos, 73% dos que recebem diagnóstico de melanoma estarão vivos em cinco anos. Já nos países em desenvolvimento, apenas 55% das pessoas que recebem o mesmo diagnóstico sobreviverão. Daí a importância de um check-up de pele anual, realizado por um dermatologista.
Fonte: VEJA- Lucia Mandel
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